Precisa de técnica ou basta o dia-a-dia para pilotar uma moto?
Vamos supor que esteja em uma curva, em velocidade elevada e com a moto bastante inclinada, até que surge um obstáculo, seja um animal na pista ou mesmo um pedestre. O que fazer? Freiar, contra-esterçar, gritar? Pois é… são muitas as opções e é nessa hora que o motociclista que tem técnica de pilotagem, que representa uma minoria entre os habilitados para moto no Brasil, se diferencia dos demais.
Não estou dizendo que o piloto dotado de técnica vira um super-piloto isento de falhas, mas sim que, diante de tantos perigos pelos quais nós motociclistas passamos todos os dias, realmente aquele que sabe o que está fazendo, e tem controle mais refinado sobre a motocicleta, vai ter um grande diferencial na hora da tomada de decisão, além de ter uma margem de erro bem menor. E isso independe da cilindrada da moto, pois o conhecimento que se aplica sempre o mesmo.
Aí vem aquela velha pergunta: será que preciso mesmo aprender técnica de pilotagem ou o que a moto-escola me ensinou basta? Não! O que a moto-escola ensinou não basta! E infelizmente ainda existem várias em que além de não fornecerem o conhecimento mínimo necessário a um motociclista, ainda ensinam errado. Tenho conversado com muitos leitores e amigos recém habilitados e ouço coisas absurdas a respeito do péssimo aprendizado que tiveram, certificando ainda mais o que estou afirmando.
No dia-a-dia, especialmente das grandes cidades, essa falta de técnica dos motociclistas, mesclada com a falta de habilidade, de educação, de respeito e tudo mais, tanto para os condutores de motos, quanto de carros e demais veículos, acabam resultando nesse inferno que é o trânsito das cidades brasileiras, ondes as estatísticas de acidentes estão cada vez mais alarmantes, exibindo mais que nas guerras que acontecem pelo mundo.
Conversando com o renomado Geraldo Tite Simões, que possui larga experiência acumulada em mais de 25 anos como jornalista e piloto de teste, e piloto vice-campeão brasileiro de motovelocidade em 1999, questionei sobre pontos relacionados ao assunto da matéria e destaco agora os principais:
Duas Rodas News: Você é a favor de uma sub-categorização na habilitação (carta) de condutor de moto, onde haveria a divisão por peso/porte da motocicleta?
Tite: Sim, como já foi nos anos 70/80 quando tínhamos 3 categorias de motociclistas, por tamanho e potência da moto. Hoje qualquer pessoa compra uma moto de 200 cavalos e sai por aí, mas não deveria ser assim!
DRN: Você vê como fundamental para o motociclista um aprendizado como o obtido em um curso de pilotagem?
Tite: Sim, e hoje temos vários cursos pelo Brasil para diferentes categorias de motos. Acho importante procurar um curso porque desmistifica alguns preconceitos sobre pilotagem. Como em qualquer atividade na vida, quanto mais conhecimento melhor você fica!
DRN: Muitos dos acidentes que acontecem se dão por imperícia e/ou imprudência dos motoristas. O que você vê, ou sugere, como solução para, pelo menos, amenizar esse quadro e tornar mais pacífico o trânsito em cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro, onde a prevalecem a violência e falta de gentileza no trânsito?
Tite: Reduzir os acidentes é uma meta mundial. Mas as soluções dependem muito mais das condições sócio-econômicas e culturais. Na Europa ocidental é fácil ensinar trânsito nas escolas porque o público recebe como uma disciplina normal. Em países em desenvolvimento esse ensino se torna difícil porque as escolas mal conseguem ensinar o currículo básico e ainda temos grande parte da população fora das escolas. Em países como o Brasil é preciso campanhas constantes para mudar o comportamento do adulto, para depois investir nas crianças.
Existem várias iniciativas que podem ser tomadas em virtude de um trânsito mais responsável e a maioria deveria vir de nossos governantes, que na prática demonstram medonha passividade a respeito, assistindo de camarote às centenas de mortes e acidentes que vemos diariamente. Uma das poucas manobras que vi recentemente foi a implementação da nova legislação que restringe a idade e obriga motoboys a terem curso de pilotagem, afim de aprimorar sua aptidão sobre duas rodas e por consequência inibir acidentes.
Com tudo isso conclui-se que é sim indispensável ter técnica de pilotagem para que alcance maior segurança no dia-a-dia, independente da cilindrada de sua moto, tanto no trânsito quanto na estrada ou mesmo na pista, mas enquanto nada concreto acontece a minha sugestão a você motociclista é que faça a sua parte. Faça um curso de pilotagem e aprenda de forma detalhada sobre como controlar uma motocicleta, sem deixar de lado o respeito ao próximo e a plena consciência dos limites. Curta sua moto com respeito à sua vida e a dos outros.
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