Indian Scout

Eu confesso que antes mesmo da Indian Motorcycle chegar ao Brasil eu já era um grande admirador da Scout, principalmente depois de conhecer pessoalmente em uma viagem que fiz aos Estados Unidos, onde tive a oportunidade de ver de perto todos os modelos da centenária marca norte-americana, e de cara fiquei encantado, principalmente, com o acabamento e o desempenho das motos da Indian.

Agora, com a chance de testá-la mais a fundo, fiquei ainda mais surpreso e admirado com o potencial da máquina, que é dotada de ciclística espetacular, com centro de gravidade bem baixo, deixando a moto leve e precisa nas manobras, tendo agilidade comparável à de modelos de baixa cilindrada. O seu peso, apesar de cerca de 250 kg, é muito bem equilibrado e distribuindo, fazendo dela uma moto muito, mas muito fácil de pilotar.

A sua suspensão é impressionante. É firme, mas não é dura. Tem curso alongado na dianteira e sistema bichoque na traseira, com ângulo de molas e amortecedores bastante horizontalizado, aumentando a absorção e repassando menos impacto ao motociclista, permitindo conforto e influenciando diretamente na sua ciclística extremamente refinada.

A Scout tem boa distância em relação ao chão, com 13,5 cm, e pedaleira elevadas, o que, associado à excelente ciclística, proporciona uma tolerância de inclinação enorme! Muito além do que se vê normalmente no segmento. Inclina muito, com muita segurança e sem raspar a pedaleiras no chão. Afirmo que um motociclista que esteja raspando muito as pedaleiras dela no asfalto, certamente está com a técnica de pilotagem errada ou no mínimo exagerado demais na inclinação.

Seu desempenho é muito interessante. O motor tem entrega ao mesmo tempo gradativa e brusca, dependendo totalmente da mão e forma de pilotagem do motociclista. Até os 2.600 RPM mais ou menos ela entrega a potência de forma mais brusca, e a partir daí começa a entregar de forma mais gradativa e linear, mas na prática toda essa entrega vai de acordo com o desejo do piloto, que é capaz de escolher se quer uma moto braba ou dócil.

O motor é um bicilíndrico V-Twin com 1.133 cc, capaz de gerar potência máxima de 100 cv a 8.000 RPM e torque máximo de 9,96 kgf.m a 5.600 RPM, com refrigeração líquida – muito eficiente, com radiador enorme – e transmissão final por correia dentada, trabalhando com praticamente nenhuma vibração, vibrando um pouco mais apenas em alta rotação, mas nada que incomode.

O propulsor passa um pouco de calor para as pernas, mas não chega a causar qualquer tipo de incômodo. Somente no uso urbano que pode atrapalhar um pouco se ficar muito parado no trânsito.

O consumo de gasolina variou um pouco de acordo com a tocada e dependendo se estava entre uso urbano ou na estrada, dando médias que ficaram entre 17,5 e 21,9 km/l, rendendo uma autonomia razoável, com o tanque de 12,5 litros.

Por falar em uso urbano, a Scout, apesar do porte e entre-eixos alongado, deu um show de desenvoltura na cidade. Associado sua ciclística refinada ao guidão em ótima altura e posição, permite passar nos corredores com extrema elegância e agilidade. O único inconveniente ficou por conta da embreagem e do câmbio um pouco pesados, duros, que tornam a pilotagem um pouco cansativa no uso urbano, mas a troca de marchas é precisa e não falhou em nenhum momento.

Claro que nem tudo é perfeito e a Scout também tem características que me incomodaram um pouco, como por exemplo o descanso, por ser “duro” e muito para trás, dificultando bastante sua utilização e atrapalhando na hora de estacionar. Outro ponto é que, quem gosta de usar lampejador de farol alto, assim como eu, vai sentir falta, pois ela não tem. Onde normalmente ficaria o botão do lampejador, na maioria das motos, na Scout fica o comando de opções do painel.

O sistema de freios é impecável. Com acionamento relativamente leve e grande precisão de parada, contando com disco simples na dianteira e na traseira, acompanhados por sistema ABS de fábrica, que mostrou muita eficiência mesmo em alta velocidade e em pisos irregulares.

Seu design, com linhas expressivas, claramente inspiradas nas primeiras versões clássicas da Scout, que fazem sucesso desde 1928, acaba conciliando ao mesmo tempo um aspecto “retrô” e moderno, esbanjando altíssima tecnologia, com cabos ocultos, chassi em alumínio forjado, entre outros atributos, sem deixar de lado o seu estilo, que é de fazer babar qualquer amante de motocicletas.

Um dos seus grandes diferenciais, assim como em todos os modelos da Indian, é o acabamento. Muito requintado e de incrível qualidade, com atenção aos mínimos detalhes. Muitos cromados e símbolos espalhados por diversos componentes, além do estofamento lindo, com uma cor de couro bastante diferenciada.

Por falar em estofamento, uma grande particularidade da Scout é o fato de vir com monoposto, ou seja, só tem o banco do piloto, não tem banco da garupa. Mas calma, o banco pode ser comprado à parte, como um acessório.

O assento do piloto é bastante confortável, permitindo, em conjunto com toda a estrutura da moto, ótima ergonomia e posição de pilotagem, atendendo muito bem desde pilotos baixinhos até muito altos. Eu, com quase 2 metros de altura, me senti bem à vontade na moto, mesmo em trajetos mais longos.

O painel de instrumentos segue o estilo das motos do segmento, com um grande velocímetro analógico, tendo um display digital na parte central, contendo hodômetros total e parcial, conta-giros, entre outras funções. E teve uma questão no marcador de velocidade que me incomodou. Até os 120 km/h tem um distanciamento padrão entre as dezenas da velocidade, mas a partir disso a distância entre as dezenas diminui, o que dificulta a leitura aproximada da velocidade atual, mas na prática, como são velocidades não utilizadas normalmente, acaba passando despercebido.

Outro ponto ruim no painel, já esse bem relevante, é observado pela iluminação avermelhada. Como o painel tem detalhes em vermelho, associando tudo, a leitura no escuro fica bastante dificultada, atrapalhando muito à noite ou dentro de túneis.

Definitivamente a Indian Scout é uma ótima opção para os amantes do estilo, conhecido informalmente como “custom”, sendo uma máquina fácil de pilotar, com ótima performance, incrível para qualquer situação, especialmente para curtir uma boa estrada.

Agora eu aproveito para agradecer à Indian Motorcycle Rio, que cedeu o modelo utilizado no teste, e quem quiser ter essa belezinha em suas mãos vai desembolsar o preço sugerido de R$49.990, podendo escolher entre as cores cinza, preta ou vermelha.

Ficha técnica:
MOTOR & TRANSMISSÃO
Sistema de Combustível: Injeção Eletrônica em Circuito Fechado /Corpo de admissão de 60mm
Transmissão Final: 2.357 : 1
Transmissão Primária: Caixa de câmbio com embreagem banhada em óleo
Escapamento: Escapamento duplo de fluxo cruzado
Tipo do Motor: V-Twin com refrigeração líquida
Cilindradas: 1133 cc
FREIOS
Freio Dianteiro: Disco Ø 298 mm / pinça de 2 pistões / ABS
Freio Traseiro: Disco Ø298 mm / Pinça de 1 pistão / ABS
PERFORMANCE
Torque Máximo: 97.7 Nm
Torque Máximo: 5900 rpm
PNEUS/RODAS
Pneu Dianteiro: Pirelli 130/90 x 16 NIGHT DRAGON
Pneu Traseiro: Pirelli 150/80 x 16 NIGHT DRAGON
Rodas: Roda dianteira de alumínio de 16″ x 3,5″ e traseira de 16″ x 5″
RELAÇÃO DE TRANSMISSÃO
1ª: 10,926 : 1
2ª: 7,427 : 1
3ª: 5,918 : 1
4ª: 5,022 : 1
5ª: 4,439 : 1
6ª: 4,087 : 1
SUSPENSÃO
Suspensão Dianteira: Telescópica com Ø41mm / Garfo com dupla mola de 120mm
Suspensão Traseira: Duplo amortecedor / 76 mm com pré carga de mola
DIMENSÕES
Entre-Eixos: 1562 mm
Altura do Assento: 635 mm
Altura Livre do Solo: 135 mm
Largura: 880 mm
Altura: 1207 mm
Comprimento: 2311 mm
Ângulo Máximo de Inclinação: 31 graus
Rake: 29°
Trail: 119.9 mm
Capacidade do Tanque: 12.5 litros
Peso Total Admissível (tara): 449 kg
Peso Seco: 248Kg / 257Kg
DEMAIS EQUIPAMENTOS
Painel de Instrumentos: Velocímetro; hodômetro, conta giros digital, luz indicadora de temperatura de motor e luz indicadora de reserva de combustível.
Iluminação: Farol dianteiro, farol traseiro com luz de freio, setas, iluminação de placa e velocímetro
Cores / Grafismos: Indian Red, Silver Smoke e Thunder Black Smoke

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